Ao contrário do que muitos designer pensam, a Gestalt não foi feita especialmente para o design, os estudos começaram um pouco antes, no final do século XIX.
A Gestalt, também conhecia como a Psicologia da Forma, é, na verdade, uma escola de psicologia experimental. Os estudos começaram com Christian Von Ehrenfels, mas engataram mesmo em 1910 com 3 figuras famosinhas: Ma Wertheimer, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka.
O movimento gestaltista atuou principalmente no campo da teria da forma (que é o que nós designers conhecemos), mas teve contribuições valiosas nos estudos sobre percepção, linguagem, aprendizagem, memória, motivação, conduta exploratória e dinâmicas de grupos sociais.
A Gestalt explica o porquê de algumas formas serem mais agradáveis do que outras. A psicologia da forma não é subjetiva, ela é realmente embasada na fisiologia do nosso sistema nervoso.
O maior mantra do movimento gestaltista é que o todo é mais importante do que as partes.
Pera, oi? Calma, vou explicar.
Imagine que alguém te peça para desenhar a Torre Eiffel, como você desenharia? Provavelmente faria aquela silhueta famosa que lembra a letra “A” do alfabeto.
Mas se você reparar bem, a Torre Eiffel não é feita de um único e imenso ferro, ela é constituída por uma série de ferros contorcidos que dá forma ao que lembramos dela.
Cada pequeno ferro desse é importante, mas não tão importante quanto o TODO, ou seja, o formato da torre do qual nos lembramos.
"Não vemos partes isoladas, mas relações. Isto é, uma parte na dependência de outra parte. Para a nossa percepção, que é resultado de uma sensação global, as partes são inseparáveis do todo e são outra coisa que não elas mesmas, fora deste todo."
João Gomes Filho (Gestalt do Objeto)
Segundo a Gestalt, o nosso cérebro organiza as informações em dois princípios básicos: o de igualdade e o de desigualdade. Isso significa que tendemos a relacionar objetos próximos e parecidos e separar os objetos distantes e diferentes.
A partir desses dois princípios básicos, a escola de psicologia dá origem às 8 Leis da Gestalt, cada uma delas com as suas especificidades dentro da nossa percepção humana.
As 8 Leis da Gestalt são: Unidade, Segregação, Unificação, Fechamento, Continuidade, Proximidade, Semelhança e Pregnância.
Muitos dos significados das Leis da Gestalt se assemelham aos fundamentos do Design e isso tem uma explicação. O Design não é uma disciplina que encerra em si mesma, ela herdou uma série de conjunto de regras de outros áreas para forma a sua própria, alguns exemplos são a arte, a engenharia e a psicologia.
Um designer que não compreende como se dá a percepção humana não entende sobre a própria profissão e pode se tornar refém do gosto pessoal. O problema disso é que o ditado estava certo, “a beleza está nos olhos de quem vê”, ou seja, ela é fruto da cultura e da vivência de cada indivíduo.
Ignorar como as pessoas se conectam com o mundo é não saber, de fato, os impactos do seu trabalho, tampouco a sua importância na sociedade.
"Captamos a informação visual de muitas maneiras. As forças perceptivas e cinestésicas de natureza fisiológica são vitais para o processo visual. Nossa maneira de permanecer de pé, de nos movermos, assim como reagir à luz, à escuridão ou aos movimentos bruscos são fatores importantes para o nosso modo de perceber e interpretar mensagens visuais. Todas essas respostas são naturais e atuam sem esforço."
Donis A. Dondis - Sintaxe da Linguagem Visual
Quando falamos de Gestalt, estamos falando sobre nós. Quando falamos de design também estamos falamos sobre nós. Essa é a importância de estudarmos Gestalt no design.
Entender como as pessoas funcionam, como elas percebem o mundo, como elas se conectam, o que as move, o que as motiva, quais as suas forças e fraquezas nos torna designers mais empáticos e capazes de desenvolver melhores soluções para elas.